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Normas ambientais são o bode expiatório de agricultores europeus sob influência da extrema direita

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Um movimento difuso de agricultores ganha força pela Europa para protestar contra medidas dos governos nacionais, na França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Romênia ou Polônia, mas também contra o que eles acusam de ser a “tirania" da União Europeia. Um dos alvos, instrumentalizados por partidos de extrema direita, são as normais ambientais impostas pelo bloco ao setor, cada vez mais rigorosas em nome da proteção da saúde dos consumidores e do planeta.

Lúcia Müzell, da RFI Brasil em Paris

Não é de hoje que siglas como a AfD alemã ou o Reunião Nacional francês se apropriaram da pauta do suposto exagero das regras ambientais europeias. Essas normas são apontadas por uma parte do mundo agrícola como sendo responsáveis pela perda da competitividade do setor, seja no próprio mercado interno europeu como no externo, por meio de acordos comerciais como o negociado entre a União Europeia e o Mercosul.

“Esses acordos estipulam que dezenas de milhares de toneladas de carne bovina, e vários outros produtos, poderão entrar no nosso território sem nenhuma condição de normas, sem reciprocidade, enquanto que a mesma União Europeia, que assina esses acordos, e o nosso próprio governo nos impõem novas normas praticamente todos os meses”, disse o vice-presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA), Patrick Bénézit, em entrevista à RFI.

Bénézit é também presidente da Federação Nacional Bovina. Ele alega que, a cada ano, o setor perde 200 mil vacas – substituídas por carne importada de países como o Brasil, que ele acusa de não adotarem legislações ambientais tão rígidas quanto a francesa.

“Entre as normas que nós respeitamos e as que estão longe de serem aplicadas no Brasil ou em outros continentes do planeta, teremos muito trabalho para chegar a um equilíbrio. É quase impossível”, afirmou. "Continuar a nos pedir para aplicar cada vez mais normas enquanto não exigimos que elas sejam aplicadas fora é algo insuportável para os agricultores – e isso não está claro na cabeça daqueles que nos governam.”

Eleições europeias à vista

A cinco meses das eleições europeias, que renovarão o Parlamento do bloco, o tema agora ganhou maior destaque. Os agricultores correspondem a menos de 2% da população europeia – mas o chamado mundo agrícola, de comunidades beneficiadas pelo setor ou simpatizantes das suas causas, é quatro vezes maior.

"Os agricultores alemães têm a impressão de serem as vítimas que estão pagando pela descarbonização da economia e que a ecologia está sendo mal aplicada. Eles acham, assim como em vários outros países, que os verdadeiros ecologistas são os agricultores, mas que agora estão cobrando deles uma descarbonização irrealista, elaborada por pessoas urbanas que não entendem nada do contexto agrícola”, explica Hélène Miard-Delacroix, professora de história e civilização da Alemanha contemporânea na Universidade Sorbonne. "Isso é algo que estamos vendo em vários países da Europa.”

Apropriação pela extrema direita

O partido populista AfD soube captar essa irritação crescente, com um discurso climacético – “o clima sempre mudou ao longo do tempo” – e alegando que as políticas ambientais prejudicam ainda mais a economia alemã, em recessão.

Na França, a percepção é de que o país decide aplicar regras mais rigorosas que as decididas em Bruxelas. A líder Marine Le Pen condena o que ela chama de "ecologia punitiva”, que obriga os agricultores a passarem horas por semana preenchendo formulários sobre os produtos químicos utilizados, em vez de cuidar do campo.

O descontentamento se acelerou a partir de 2022 na Holanda, quando o então primeiro-ministro Mark Rutte tentou limitar a produção bovina do país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa da agricultura.

"Claro que essa medida não passou, mas ela originou um grande movimento rural na Holanda que se espalhou pela Alemanha e, agora, na França, embora os tipos de agricultura praticados nesses três países não tenham a mesma estrutura”, relembra o cientista político Jean-Yves Camus, um dos maiores especialistas em extrema direita da Europa. "Na Holanda tem muito mais agricultura extensiva e os agricultores não reclamam de ter renda baixa, como na França. Mas eles temem serem privados da fonte de renda deles, a pecuária”, aponta o diretor do Observatório das Radicalidades Políticas da Fundação Jean Jaurès.

Agricultura ‘como antes’

O cientista político Bruno Villalba, especialista em política ambiental, observa que a irritação dos agricultores com a burocracia e a tecnocracia impostas pelos meios urbanos vem desde os anos 1960, quando a União Europeia ainda se consolidava – ou seja, muito antes das regulamentações ambientais que existem hoje.

"Desde então, a extrema direita sempre teve um olhar positivo para essas reivindicações. Mas eu ressalto é uma parte dos agricultores que adere, principalmente os que estão na agricultura intensiva e que mais dependem de subvenções para as suas atividades e estão mais sujeitos às tensões do sistema produtivo agrícola”, salienta o professor da AgroParisTech, a instituição superior de ciências agronômicas mais respeitada da França.

"Eles estão acuados entre a necessidade de produzir muito e o fato de que essa produtividade precisa atender a cada vez mais obrigações técnicas e, agora, ecológicas – e que são, não podemos negar, cada vez mais rígidas sobre a preservação da biodiversidade, o uso de agrotóxicos etc."

O pesquisador afirma que a maioria dos europeus desconhece o funcionamento da União Europeia – o que torna o bloco um ‘bode expiatório ideal’ para críticas como essas. Muitas das decisões são resultado das demandas dos próprios Estados, por mais segurança sanitária ou para preservar a qualidade dos produtos fornecidos pela agricultura aos consumidores.

“O discurso da extrema direita evoluiu de uma forma interessante. Ela não fala mais tanto em ser contra a ecologia, mas sim defende trocar um certo modelo de ecologia – designado como punitivo, repressor e contrário aos agricultores – por um modelo localista, de preservação dos patrimônios e tradições, como a caça, em detrimento de questionamentos como a nossa relação com os animais, o bem-estar animal”, analisa Villalba.

"Ou seja, eles pregam um conservadorismo na ecologia e criticam aquela proposta pelos tecnocratas, os cientistas e os urbanos. Alegam que eles são a ‘verdadeira França’ face a uma França urbana, de veganos, totalmente desconectada das obrigações impostas às produções agrícolas", constata o cientista político.

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Lúcia Müzell, da RFI Brasil em Paris

Não é de hoje que siglas como a AfD alemã ou o Reunião Nacional francês se apropriaram da pauta do suposto exagero das regras ambientais europeias. Essas normas são apontadas por uma parte do mundo agrícola como sendo responsáveis pela perda da competitividade do setor, seja no próprio mercado interno europeu como no externo, por meio de acordos comerciais como o negociado entre a União Europeia e o Mercosul.

“Esses acordos estipulam que dezenas de milhares de toneladas de carne bovina, e vários outros produtos, poderão entrar no nosso território sem nenhuma condição de normas, sem reciprocidade, enquanto que a mesma União Europeia, que assina esses acordos, e o nosso próprio governo nos impõem novas normas praticamente todos os meses”, disse o vice-presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA), Patrick Bénézit, em entrevista à RFI.

Bénézit é também presidente da Federação Nacional Bovina. Ele alega que, a cada ano, o setor perde 200 mil vacas – substituídas por carne importada de países como o Brasil, que ele acusa de não adotarem legislações ambientais tão rígidas quanto a francesa.

“Entre as normas que nós respeitamos e as que estão longe de serem aplicadas no Brasil ou em outros continentes do planeta, teremos muito trabalho para chegar a um equilíbrio. É quase impossível”, afirmou. "Continuar a nos pedir para aplicar cada vez mais normas enquanto não exigimos que elas sejam aplicadas fora é algo insuportável para os agricultores – e isso não está claro na cabeça daqueles que nos governam.”

Eleições europeias à vista

A cinco meses das eleições europeias, que renovarão o Parlamento do bloco, o tema agora ganhou maior destaque. Os agricultores correspondem a menos de 2% da população europeia – mas o chamado mundo agrícola, de comunidades beneficiadas pelo setor ou simpatizantes das suas causas, é quatro vezes maior.

"Os agricultores alemães têm a impressão de serem as vítimas que estão pagando pela descarbonização da economia e que a ecologia está sendo mal aplicada. Eles acham, assim como em vários outros países, que os verdadeiros ecologistas são os agricultores, mas que agora estão cobrando deles uma descarbonização irrealista, elaborada por pessoas urbanas que não entendem nada do contexto agrícola”, explica Hélène Miard-Delacroix, professora de história e civilização da Alemanha contemporânea na Universidade Sorbonne. "Isso é algo que estamos vendo em vários países da Europa.”

Apropriação pela extrema direita

O partido populista AfD soube captar essa irritação crescente, com um discurso climacético – “o clima sempre mudou ao longo do tempo” – e alegando que as políticas ambientais prejudicam ainda mais a economia alemã, em recessão.

Na França, a percepção é de que o país decide aplicar regras mais rigorosas que as decididas em Bruxelas. A líder Marine Le Pen condena o que ela chama de "ecologia punitiva”, que obriga os agricultores a passarem horas por semana preenchendo formulários sobre os produtos químicos utilizados, em vez de cuidar do campo.

O descontentamento se acelerou a partir de 2022 na Holanda, quando o então primeiro-ministro Mark Rutte tentou limitar a produção bovina do país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa da agricultura.

"Claro que essa medida não passou, mas ela originou um grande movimento rural na Holanda que se espalhou pela Alemanha e, agora, na França, embora os tipos de agricultura praticados nesses três países não tenham a mesma estrutura”, relembra o cientista político Jean-Yves Camus, um dos maiores especialistas em extrema direita da Europa. "Na Holanda tem muito mais agricultura extensiva e os agricultores não reclamam de ter renda baixa, como na França. Mas eles temem serem privados da fonte de renda deles, a pecuária”, aponta o diretor do Observatório das Radicalidades Políticas da Fundação Jean Jaurès.

Agricultura ‘como antes’

O cientista político Bruno Villalba, especialista em política ambiental, observa que a irritação dos agricultores com a burocracia e a tecnocracia impostas pelos meios urbanos vem desde os anos 1960, quando a União Europeia ainda se consolidava – ou seja, muito antes das regulamentações ambientais que existem hoje.

"Desde então, a extrema direita sempre teve um olhar positivo para essas reivindicações. Mas eu ressalto é uma parte dos agricultores que adere, principalmente os que estão na agricultura intensiva e que mais dependem de subvenções para as suas atividades e estão mais sujeitos às tensões do sistema produtivo agrícola”, salienta o professor da AgroParisTech, a instituição superior de ciências agronômicas mais respeitada da França.

"Eles estão acuados entre a necessidade de produzir muito e o fato de que essa produtividade precisa atender a cada vez mais obrigações técnicas e, agora, ecológicas – e que são, não podemos negar, cada vez mais rígidas sobre a preservação da biodiversidade, o uso de agrotóxicos etc."

O pesquisador afirma que a maioria dos europeus desconhece o funcionamento da União Europeia – o que torna o bloco um ‘bode expiatório ideal’ para críticas como essas. Muitas das decisões são resultado das demandas dos próprios Estados, por mais segurança sanitária ou para preservar a qualidade dos produtos fornecidos pela agricultura aos consumidores.

“O discurso da extrema direita evoluiu de uma forma interessante. Ela não fala mais tanto em ser contra a ecologia, mas sim defende trocar um certo modelo de ecologia – designado como punitivo, repressor e contrário aos agricultores – por um modelo localista, de preservação dos patrimônios e tradições, como a caça, em detrimento de questionamentos como a nossa relação com os animais, o bem-estar animal”, analisa Villalba.

"Ou seja, eles pregam um conservadorismo na ecologia e criticam aquela proposta pelos tecnocratas, os cientistas e os urbanos. Alegam que eles são a ‘verdadeira França’ face a uma França urbana, de veganos, totalmente desconectada das obrigações impostas às produções agrícolas", constata o cientista político.

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