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Bônus 06: "Inverno em Sokcho", de Elisa Shua Dusapin

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Elisa Shua Dusapin olha para os pequenos eventos da vida
O livro “Inverno em Sokcho” tem um clima – e não é só no título. Esse livro discreto e pequeno, escrito por uma autora jovem chamada Elisa Shua Dusapin, fala sobre o interesse de uma garota coreana por um quadrinista francês mais velho. Ela narra a história e trabalha numa pousada de Sokcho que, com o frio, está quase vazia. Ele se hospeda na pousada para trabalhar por algumas semanas com tranquilidade.
Faz frio em Sokcho. E por um tempo você tem chance de acompanhar a rotina da narradora. Ela tem uma mãe que mora na mesma cidade e que trabalha com pesca, além de ser uma das poucas no ramo com habilidade para preparar baiacus. Quando você não sabe como abrir e limpar um baiacu, o veneno do peixe pode contaminar a carne toda.
Neva em Sokcho. E chove também. “Ele jamais conheceria Sokcho como eu”, diz a narradora-personagem, referindo-se ao desenhista francês. “Não era possível querer conhecê-la sem ter nascido nela, sem ter vivido seu inverno, seus odores, seu polvo. Sua solidão.”Talvez seja por causa dessa solidão que a jovem fica intrigada pelo francês soturno e algo excêntrico. Um sujeito com um gosto peculiar por tintas e papéis (que ele chega a comer, de verdade, enquanto desenha, numa espécie de cacoete).
Assim como a narradora do livro, a escritora Elisa Shua Dusapin também é filha de mãe coreana e pai francês. Mas parece que as semelhanças, ao menos as mais evidentes, acabam por aí.Dusapin tem hoje 30 anos e escreve em francês. Quando publicou “Inverno em Sokcho” na França, tinha apenas 23 anos e esse foi seu romance de estreia. Depois de vencer alguns prêmios literários, publicou mais dois livros.A narradora-personagem de “Inverno em Sokcho” tem interesse por literatura. Gosta de ler e cita Maupassant, mas diz que antes lia com o coração e agora lê com o cérebro. Ela diz isso numa conversa com o francês enquanto o acompanhava até uma papelaria da região, um dos poucos momentos em que os dois não têm ninguém por perto.
Entretanto, é um erro pensar que “Inverno em Sokcho” tem algo a ver com uma história de amor. Nada ali fica tão claro assim. Há uma tensão óbvia entre os dois, ou melhor, há uma tensão óbvia da parte da narradora, que se apega a pequenas coisas, como quando a mão dela que encosta sem querer na mão dele. Da sua parte, o francês parece ocupado demais com seus desenhos e trata a jovem coreana com uma mistura de educação e desinteresse.Para entender o clima de “Inverno em Sokcho”, uma comparação possível é com os filmes do coreano Hong Sang-soo (quando dizem “coreano”, quase sempre querem dizer “sul-coreano”, uma vez que a Coreia do Norte é fechada para o resto do mundo).
Hong Sang-soo faz filmes de pequenos eventos e com muito bate-papo. “O filme da romancista” (2022), por exemplo, fala de uma escritora que visita uma conhecida que deixou de escrever para trabalhar numa livraria. Durante a conversa, ela descobre que a outra vendedora da loja estuda a língua dos sinais e pede para ela dizer, usando as mãos, algo como “o dia acaba rápido, então vamos aproveitá-lo”. E a cena dura muitos minutos com a garota ensinando a escritora os gestos para dizer essa frase específica.
Curiosamente, existe algo de francês no cinema de Hong Sang-soo. Essa paciência com detalhes, esse interesse por pessoas e pelos pequenos eventos da vida – existe um mundo de filmes franceses que são assim. Sendo franco-coreana e escritora, faz sentido que Elisa Shua Dusapin combine bem essas características num estilo de escrever que é ao mesmo tempo delicado e fino.
“Inverno em Sokcho”, de Elisa Shua Dusapin. Tradução de Priscila Catão. Âyiné, 150 páginas, R$ 59,90. Romance.
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Elisa Shua Dusapin olha para os pequenos eventos da vida
O livro “Inverno em Sokcho” tem um clima – e não é só no título. Esse livro discreto e pequeno, escrito por uma autora jovem chamada Elisa Shua Dusapin, fala sobre o interesse de uma garota coreana por um quadrinista francês mais velho. Ela narra a história e trabalha numa pousada de Sokcho que, com o frio, está quase vazia. Ele se hospeda na pousada para trabalhar por algumas semanas com tranquilidade.
Faz frio em Sokcho. E por um tempo você tem chance de acompanhar a rotina da narradora. Ela tem uma mãe que mora na mesma cidade e que trabalha com pesca, além de ser uma das poucas no ramo com habilidade para preparar baiacus. Quando você não sabe como abrir e limpar um baiacu, o veneno do peixe pode contaminar a carne toda.
Neva em Sokcho. E chove também. “Ele jamais conheceria Sokcho como eu”, diz a narradora-personagem, referindo-se ao desenhista francês. “Não era possível querer conhecê-la sem ter nascido nela, sem ter vivido seu inverno, seus odores, seu polvo. Sua solidão.”Talvez seja por causa dessa solidão que a jovem fica intrigada pelo francês soturno e algo excêntrico. Um sujeito com um gosto peculiar por tintas e papéis (que ele chega a comer, de verdade, enquanto desenha, numa espécie de cacoete).
Assim como a narradora do livro, a escritora Elisa Shua Dusapin também é filha de mãe coreana e pai francês. Mas parece que as semelhanças, ao menos as mais evidentes, acabam por aí.Dusapin tem hoje 30 anos e escreve em francês. Quando publicou “Inverno em Sokcho” na França, tinha apenas 23 anos e esse foi seu romance de estreia. Depois de vencer alguns prêmios literários, publicou mais dois livros.A narradora-personagem de “Inverno em Sokcho” tem interesse por literatura. Gosta de ler e cita Maupassant, mas diz que antes lia com o coração e agora lê com o cérebro. Ela diz isso numa conversa com o francês enquanto o acompanhava até uma papelaria da região, um dos poucos momentos em que os dois não têm ninguém por perto.
Entretanto, é um erro pensar que “Inverno em Sokcho” tem algo a ver com uma história de amor. Nada ali fica tão claro assim. Há uma tensão óbvia entre os dois, ou melhor, há uma tensão óbvia da parte da narradora, que se apega a pequenas coisas, como quando a mão dela que encosta sem querer na mão dele. Da sua parte, o francês parece ocupado demais com seus desenhos e trata a jovem coreana com uma mistura de educação e desinteresse.Para entender o clima de “Inverno em Sokcho”, uma comparação possível é com os filmes do coreano Hong Sang-soo (quando dizem “coreano”, quase sempre querem dizer “sul-coreano”, uma vez que a Coreia do Norte é fechada para o resto do mundo).
Hong Sang-soo faz filmes de pequenos eventos e com muito bate-papo. “O filme da romancista” (2022), por exemplo, fala de uma escritora que visita uma conhecida que deixou de escrever para trabalhar numa livraria. Durante a conversa, ela descobre que a outra vendedora da loja estuda a língua dos sinais e pede para ela dizer, usando as mãos, algo como “o dia acaba rápido, então vamos aproveitá-lo”. E a cena dura muitos minutos com a garota ensinando a escritora os gestos para dizer essa frase específica.
Curiosamente, existe algo de francês no cinema de Hong Sang-soo. Essa paciência com detalhes, esse interesse por pessoas e pelos pequenos eventos da vida – existe um mundo de filmes franceses que são assim. Sendo franco-coreana e escritora, faz sentido que Elisa Shua Dusapin combine bem essas características num estilo de escrever que é ao mesmo tempo delicado e fino.
“Inverno em Sokcho”, de Elisa Shua Dusapin. Tradução de Priscila Catão. Âyiné, 150 páginas, R$ 59,90. Romance.
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